Trago polêmicas, ou melhor, verdades (da minha cabeça). Outro dia estava lendo uma crÃtica, de um livro consagrado em prêmios literários e, apesar de muito positiva e enaltecendo a obra como ela merece, uma oração, que deve ter passado desapercebida por muitos de nós, me incomodou: “apesar da linguagem coloquial”.
Palavras ganham novos significados, sem perder os signos, gÃrias são inventadas, a ortografia muda, as regras se atualizam, mas o escritor brasileiro tem que seguir a cartilha dos clássicos para ter credibilidade.
Em uma aula, Marcelo Spalding disse que precisamos olhar o passado com os olhos do passado em uma narrativa realista. E hoje eu digo, senhores crÃticos, olhem a literatura do presente com os olhos do presente. Machado não seria de Assis se vivesse em 2023. Lobato estaria sendo processado, Guimarães tachado de prolixo, Bilac misógino e estes senhores teriam seus nomes substituÃdos por Julia Lopes de Almeida, Albertina Bertha e Narcisa Amália, mulheres que vossas crÃticas apagaram da história da literatura.
Se queremos que todos escrevam da mesma maneira, seguindo receitas antigas, sem criatividade, nos tornando zumbis adoradores de um passado que não faz o menor sentido, então por que temos tanto medo da inteligência artificial? Chega a ser cômico, ver os mesmos que criticam textos originais, molhando as calças com medo de perder seus lugares de poder para as máquinas.
Os comentários são publicados no portal da forma como foram enviados em respeito
ao usuário, não responsabilizando-se o AG ou o autor pelo teor dos comentários
nem pela sua correção linguística.
Os cursos online da Metamorfose Cursos aliam a flexibilidade de um curso online, que você faz no seu tempo, onde e quando puder, com a presença ativa do professor.