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Reflexão

E a máquina de fazer brasileiros?
Léo Ustárroz

“A máquina de fazer espanhóis”, é um romance de 2010, do escritor angolano-português Valter Hugo Mãe. O autor, conhecido dos brasileiros por frequentes presenças em eventos sócio culturais, tem uma especial afeição pelo Brasil, bem representada na declaração “se eu ficar impedido de voltar (ao Brasil), eu nunca mais regresso inteiro a Portugal”.

Mas, por quê o título “máquina de fazer espanhóis”? Porque assim se referia à Portugal, um dos personagens daquela obra, um dos residentes da casa geriátrica cenário da história. Era uma época em que muitos portugueses desejavam ser espanhóis, pois o país vizinho avançava a passos largos em direção à uma Europa desenvolvida.

Hoje, Portugal é quase tão pujante como a Espanha. A qualidade de vida, os serviços sociais, o nível de emprego, e a própria renda per capita, já se aproximam da Espanha e de outros países europeus. Com isso, não se fala mais em querer ser espanhol, mas do orgulho de ser português vivendo em seu próprio país. E aquele desejo por outra nacionalidade mudou de país, atravessou os mares, fazendo a mesma travessia de Pedro Alvarez Cabral.

Com população da ordem de 10 milhões de habitantes, Portugal contabiliza uma população de 300 mil brasileiros em situação regular e estima-se outros 300 mil trabalhando irregularmente. A nova “Lei de Estrangeiros de Portugal”, promulgada em agosto último, facilita sobremaneira a imigração de estrangeiros que queiram procurar emprego e se estabelecer regularmente no país, pois agora poderão tirar um visto válido por 120 dias, prorrogável por mais 60 dias, ou seja, 6 meses para conseguir um emprego.

Essa “facilidade” não é de caráter humanitário, mas antes garante o desenvolvimento econômico de Portugal, atendendo a demanda por mais trabalhadores, que pode ser vista em cartazes afixados em estabelecimentos comerciais diversos.

Isso resultará de imediato algo próximo de 6% de imigrantes brasileiros, o que nos permite pensar que o Brasil é agora uma máquina de fazer portugueses, pois quem de nós, com um mínimo de informação, não gostaria, ou não sonha, viver em Portugal? Quem não tem parentes, amigos ou conhecidos que já se foram, ou estão indo para Portugal. Seja porque lá tem trabalho, segurança, e tudo o que decorre do desenvolvimento social e econômico, seja porque aqui não há esperança de grandes melhoras em anos próximos.

Enquanto isso, nossa máquina que deveria produzir bons cidadãos brasileiros, segue produzindo, além de portugueses e outros emigrantes, facções manobradas por uma política do “nós contra eles”, que continuará nos levando a lugar nenhum.

24/09/2022

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  Léo Ustárroz

Léo Ustárroz nasceu em 1952, natural de Bagé-RS. Com formação em Engenharia Química pela UFRGS e Ciências Jurídicas e Sociais pela PUCRS, é empresário, bloguista, e contribui como articulista em jornais locais e sítios eletrônicos. Autor dos romances SALA DE EMBARQUE (2016) e RESGATE EM PAMPLONA (2018), pela Editora Metamorfose.

leoustarroz@jus.adv.br
leoustarroz.blogspot.com


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