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Literatura

Leitura de Mundo: Do Tindolelê ao BBB
Cláudia de Villar

Ler é transformar-se. Quem lê começa uma leitura sendo uma pessoa e termina sendo outra. Ler, portanto é recriar-se. O leitor vai a cada página, adquirindo nova “plumagem”, novas visões, vai experimentando, através de cada personagem, de cada parágrafo lido, mais conhecimento de mundo e percebe que o mundo não é apenas aquele ao qual ele vive. Descobre que existem vários mundos. Portanto, o leitor é um descobridor.

Porém, engana-se quem pensa que a leitura acontece apenas através de livros, textos teóricos, didáticos, informativos, ilusórios. Não, a leitura se dá através da visão e a visão pode alcançar o infinito. Logo, a leitura acontece além do próprio umbigo, ela acontece em vários momentos, através de cores, sabores, odores, flores, imagens, sons, rostos e músicas. Lemos constantemente. Lemos as expressões de rostos, lemos os sinais de trânsito, lemos os livros e lemos as letras de músicas.

E eis que chegamos num ponto importantíssimo: a leitura das músicas ou de suas letras. A partir delas podemos fazer uma leitura de mundo:

“Todo mundo tá feliz?
Tá feliz!
Todo mundo quer dançar?
Quer dançar!
Todo mundo pede bis
Todo mundo pede bis
Quando para de tocar
Mais um! Mais um!”

E não apenas as músicas, os programas de televisão também. Eles nos revelam o grau da cultura geral de um povo, cidade, país. Qual grau estamos? “Todo mundo tá feliz” com o grau da nossa cultura?

A ‘rainha’, como é chamada, dos baixinhos, divulgou essa alegria aos quatro cantos e por fazer dessa e de tantas outras letras musicais a sua bandeira, foi coroada. Quantos escritores infantojuvenis não devem estar se remoendo ao ler isso? Tem muita gente boa, excelente, morrendo com as suas obras nas mãos enquanto a rainha enriquece com:

“(...)Iê, iê, iê, iê,
Tindolelê
Nheco nheco
Xique, xique
Balancê
Iê, iê, iê, iê,
Tindolelê
Nheco nheco
Xique, xique
Balancê(...)”.

Eis que para fechar com chave de ouro e para colocar uma pá de cal na esperança de alguns autores surge o BBB para dizer que a cultura de um povo são as brigas, os namoros fáceis, a troca de interesse, as fofocas, e por aí vai.

Afinal, se lemos tudo e todos e se, após essa leitura do que vemos podemos resumir como está, culturalmente, o mundo ao qual pertencemos, como está a cultura de nosso mundo?

Se houver alguma discórdia (graças a Deus), por favor, comece a mudança! Não adianta ficar sentando à beira do caminho esperando as coisas mudarem. A mudança começa por você mesmo. A propaganda, que é a alma do negócio, fez daquela criatura a rainha dos baixinhos, se a mídia fez do BBB um programa líder de audiência, faça da cultura que você admira estar entre os 10 mais! Seja um multiplicador de coisas boas e não alguém que fica a reclamar da péssima cultura de seu país. De nada adianta reclamar e ser taxado de preconceituoso se você tem preconceito com aquilo que você admira! Se você ama o que lê, então por que não faz propaganda disso!

Vamos lá, vamos divulgar o que é bom. Se ficarmos quietos e calados, as rainhas e os “manos” continuarão reinando no país das maravilhas!


09/04/2014

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Comentários:

Tens razão, Claudia de Villar, ler é tudo, a leitura é a janela para o mundo. O que devemos fazer é separar o joio do trigo, o que não é fácil considerando o que "jogam" em nossos olhos diariamente.
Lueci Mattos, Viamão/RS 17/05/2014 - 20:36

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  Cláudia de Villar

Cláudia Oliveira de Villar é natural de Porto Alegre/RS e atua desde 2000 como professora de séries iniciais do ensino fundamental em escola pública estadual. Possui doze livros publicados, sendo dez para o público infanto-juvenil e dois para adultos: Eu também... (Alcance, 2005, infantil), Bola, sacola e escola (Manas, 2009, infantil), Zé Trelelé no Gre-Nal (Manas, 2010, infantil), Uma foca na Copa (Manas, 2010, infantil), Meu Primeiro Amor (Manas, 2011, infantil), Aprendendo a viver e ensinando a sonhar (Manas, 2012, adulto), Rambo, um peixe no fandango (Manas, 2013, infantojuvenil), Mano e a boneca de pano (Manas, 2013, infanto-juvenil, O Mistério do Vento Negro, volumes I e II(Imprensa Livre, 2014-2015, juvenil), Um Continho de Natal(Metamorfose, 2016) e o lançamento de 2018: Histórias para ler no Intervalo ( Metamorfose, 2018). Participou de três antologias, Brasil Poeta (Alcance, 2005), Casa do Poeta Rio-Grandense (Alcance, 2005) e Mercopoema (Alcance, 2005) e uma coletânea de contos, Metamorfoses (Metamorfose, 2016). Além do curso de Magistério, Cláudia é graduada em Letras, especialista em Pedagogia Gestora e Supervisão Escolar. Atua no meio educacional também como mediadora de leitura e, como jornalista colaboradora, a escritora é colunista do Jornal de Viamão/RS, bem como escreve para o portal Artistas Gaúchos, Homo Literatus e Almanaque Literário.

claudiadevillar@yahoo.com.br
www.claudiadevillar.com.br
www.facebook.com/claudia.devillar


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