Sinto
informar que nesse primeiro de ano, por volta das 23 horas, faleceu o poeta
Oliveira Silveira (1941), no hospital Ernesto Dorneles. O poeta já vinha enfrentando
dificuldades de saúde ao longo de 2008. Autor de dez livros individuais de poesia,
professor formado em Letras-Francês, pesquisador das culturas negras e da história
do negro brasileiro, Oliveira propôs o 20 de novembro, data evocada pelo grupo
Palmares em 1971, e hoje adotada como Dia Nacional da Consciência Negra.
Conselheiro da Secretaria Especial de PolÃticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República, integrava, nesse órgão com status de ministério,
o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, perÃodo 2004-2006.
Por vontade expressa do poeta, sua exéquias serão exclusivas para familiares.
InesquecÃvel pela poesia, luta contra a injustiça e amabilidade, Oliveira uma
vez escreveu sobre uma estática foto, que pouco diz de alguém conhecido em vida,
"mas quando menos se espera/ pode mudar-se em cor, em movimento,/ sorriso, voz,
braços que vêm e cingem/ e nós ressuscitamos." Sim, nós é que ressucitamos com
a tua contribuição. Valeu, Oliveira!
OLIVEIRA SILVEIRA por Oliveira Ferreira da Silveira
OLIVEIRA SILVEIRA (Oliveira Ferreira da Silveira) – Poeta negro brasileiro,
nascido em 1941 na área rural de Rosário do Sul, Estado do Rio
Grande do Sul. Filho de Felisberto Martins Silveira, branco brasileiro de pais
uruguaios, e de Anair Ferreira da Silveira, negra brasileira de cor preta, de
pai e mãe negros gaúchos.
Graduado em Letras – Português e Francês com as respectivas
Literaturas – pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS. Docente
de português e literatura no ensino médio. Atividades jornalísticas.
Ativista do Movimento Negro.
Um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre. Estudou a data e sugeriu
a evocação do 20 de Novembro, lançada e implantada no Brasil
pelo Grupo Palmares a contar de 1971, tornando-se Dia Nacional da Consciência
Negra em 1978, denominação proposta pelo Movimento Negro Unificado
contra a Discriminação Racial, MNUCDR.
Como escritor, publicou até 2005 dez títulos individuais de poesia
– Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs, Poema sobre Palmares,
entre outros – e participou de antologias e coletâneas no país
e no exterior: Cadernos negros, do grupo Quilombhoje, e A razão da chama,
de Oswaldo de Camargo, em São Paulo-SP; Quilombo de Palavras, organização
de Jônatas Conceição e Lindinalva Barbosa, em Salvador,
na Bahia; Schwarze poesie/Poesia negra e Schwarze prosa/Prosa negra, organizadas
por Moema Parente Augel e editadas na Alemanha por Édition diá
em 1988 e 1993, com tradução de Johannes Augel; ou revista Callaloo
volume 18, número 4, 1995, e volume 20, número 1 (estudo de Steven
F. White), 1997, Virgínia, Estados Unidos.
Na imprensa, publicou artigos, reportagens, e alguns contos e crônicas.
Participou com artigos ou ensaios em obras coletivas, caso do ensaio Vinte de
novembro: história e conteúdo, no livro Educação
e Ações Afirmativas, organizado por Petronilha Beatriz Gonçalves
e Silva e Válter Roberto Silvério – Brasília: Ministério
da Educação/Inep, 2002.
Entre algumas distinções recebidas: menção honrosa
da União Brasileira de Escritores, do Rio de Janeiro, pelo livro Banzo
Saudade Negra em 1969; medalha cidade de Porto Alegre, concedida pelo Executivo
Municipal em 1988; medalha Mérito Cruz e Sousa, da Comissão Estadual
para Celebração do Centenário de Morte de Cruz e Sousa
– Florianópolis-SC, 1998; Troféu Zumbi, obra de Américo
Souza, concedido pela Associação Satélite-Prontidão,
da comunidade negra de Porto Alegre, 1999; Comenda Resistência Civil Escrava
Anastácia, da Rua do Perdão, evento cultural negro, Porto Alegre,
1999; e Tesouro Vivo Afro-brasileiro, homenagem do II Congresso Brasileiro de
Pesquisadores Negros, realizado entre 25 e 29 de agosto de 2002 na Universidade
Federal de São Carlos, UFSCAR, em São Carlos-SP – ato em
27 de agosto.
Atuação em outros grupos a contar de meados da década
1970: Razão Negra, Tição, Semba Arte Negra, Associação
Negra de Cultura. Integrante da Comissão Gaúcha de Folclore. Conselheiro
da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial da Presidência da República – SEPPIR/PR, integrando,
nesse órgão com status de ministério, o Conselho Nacional
de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR, órgão
consultivo, período 2004-2006.
Alguns exercícios em texto teatral paradidático (cenas, montagens
simples) e música popularesca. Poemas musicados por Haroldo Masi, Wado
Barcellos, Aírton Pimentel, Luiz Wagner, Marco de Farias, Paulinho Romeu,
Flávio Oliveira, Vera Lopes-Nina Fóla, Lessandro e, na Suécia,
pela compositora Tebogo Monnakgotla.
Gostaria de adquirir a obra GERMINOU, de meu conterrâneo Oliveira Silveira. Podem informar onde encontrá-la.
Ubirajara Pacheco Martins, Pelotas/RS 02/04/2012 - 21:25
Ao se aproximar o 20 de novembro, vejo com tristeza o passamento do poeta da consciência negra e o esquecimento da história da criação desta data como referência de liberdade e verdade!
Deixo aqui minha gratidão e minha homenagem ao poeta engajado.
Isabel Cruz, Niterói 18/11/2011 - 11:33
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