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Infância

Iberê para crianças
Christina Dias

Sempre alimentei a idéia de que as crianças se identificariam com a obra de Iberê Camargo. Sempre fui recebida com olhares incrédulos dos adultos. É muito escuro, triste, assustador, diziam. Não é possível duvidar disso. A obra de Iberê Camargo trás um ambiente sombrio que nos remete à amargura.

Havia, no entanto, uma hipótese, embasada por uma frase do artista que me provocava a insistir na tentativa de apresentar essa arte à crianças de educação infantil e séries iniciais.

“As coisas estão enterradas no fundo do rio da vida. Na maturidade, no ocaso, elas se desprendem e sobem à tona, como bolhas de ar.”

Há uma tristeza e desesperança amparada na leveza. Nada é mais lúdico que uma bolha de água solta no ar. O seu conteúdo, a sua forma, os seus motivos. Outra frase se juntou a essa. “O que faço retiro do pátio.”

Na junção dessas duas idéias, fui em busca da relação do pátio/infância com a obra do artista maduro. Descobri relações interessantes, a mais reveladora foi o seu contato com os carretéis. A mãe do artista, ao terminar suas costuras, deixava que o menino brincasse com os rolinhos de carretéis que já não tinham linha. Rolinhos de madeira que o menino transformava no que quisesse.

Não pude reconstituir exatamente as formas criadas pelo menino enquanto brincava. Talvez construísse um trem imitando o real da sua cidade de infância, local de trabalho de seus pais. Talvez construísse bicicletas que depois foram seu cenário em frente à Redenção em Porto Alegre. Talvez montasse homenzinhos solitários e sorridentes empilhando carretéis e depois os desmanchando. Não tive como precisar o que exatamente o menino montava. Pude, no entanto, concluir a importância que o brinquedo teve na sua vida. O reflexo e a repercussão histórica plantada nesse brincar infantil.

Como educadora e apreciadora de arte, posso agora afirmar que as crianças, além de se identificarem com a obra de Iberê Camargo, aceitam o convite à reflexão que ela propõe. Isso porque conhecem a importância do brincar na construção do sujeito, conhecem o papel do brinquedo na estruturação da criatividade. E, sobretudo, ainda estão passíveis de surpresas.

Levem seus filhos ao museu. Deixem que se surpreendam com os escuros, volumes de tinta, descubram figuras nas sombras. E depois, quando voltarem para casa, e as crianças os convidarem para brincar, aceitem, lembrando de tudo o que o brincar é capaz de oferecer a uma pessoa.

24/07/2008

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  Christina Dias

Christina Dias, premiada escritora de literatura infantil, escreverá no portal sobre o tema INFÂNCIA, destacando programas culturais ideais para levar seu filho, sobrinho, afiliado.

chriscidade@terra.com.br
www.christinadias.com


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