Quando publiquei a obra “Regimento Dragões do Rio Grande – Evolução histórica do 4º Regimento de Cavalaria Blindado” em 2001, da cidade de São Luiz Gonzaga, uma das mais antigas Unidades da Arma de Cavalaria em nosso estado, realizando as várias “pesquisas de campo” deparei-me com um emocionante fato sobre o grande General Osório, Marquês do Herval e patrono da Arma de Cavalaria, durante sua brilhante carreira militar, acontecido na região da Barra do Quarai.
A fama do jovem oficial de apenas 20 anos de idade, já corria o mundo, causando entre as jovens da sociedade local, grande interesse por ouvirem falar a seu respeito, narrativas de heroÃsmo e bravura.
J.B. Magalhães, um dos mais completos biógrafos de Osório, narrando sua vida amorosa nesse perÃodo, que talvez tenha sido um dos grandes infortúnios na vida de Osório, o relacionamento com uma jovem chamada Ana, e a quem Osório apelidou-a de LÃdia, musa inspiradora de seus versos. Apesar da imposição da famÃlia da jovem, sob a alegação de que Osório, como Tenente, não teria condições de garantir a vida promissora de Ana, continuou esse romance, não desanimando. O pai da jovem, um rico fazendeiro daquela região, com forte influência na Corte, intercedendo junto ao Comandante das Armas, consegue a transferência de Osório para os destacamentos de fronteira.
Sem esquecer sua amada, parte Osório para sua árdua missão, em guarnecer as fronteiras da ProvÃncia.
Os pais de Ana, preocupados em zelar pela filha e tratando de apagar as lembranças de seu grande amor, divulgam a notÃcia de que Osório havia morrido, fazendo-a casar-se com um pretendente rico.
Sabedor de todo o enredo e da morte de seu grande amor, Luiz Osório mergulha, tristemente, pelos caminhos de seus inspirados versos que compõe.
Muito embora curtindo as duras mágoas, exerceu comissões durante dois anos, iniciando em 2 de agosto de 1831, destacado nesta região, na linha fronteiriça formada pelo rio Quarai.
Do lado brasileiro, hoje municÃpio emancipado da Barra do Quarai que, conforme sua história teria iniciado com a instalação de uma Guarda Portuguesa por 1814, era determinado, pelo Governo Imperial Brasileiro, de garantir a defesa do território conquistado, apesar das freqüentes investidas espanholas na área. A atual cidade da Barra do Quarai, foi elevada a categoria de Vila, em 31 de março de 1938, sendo desmembrada, como 2º Distrito de Uruguaiana, pela sua emancipação como cidade, em 28 de dezembro de 1995, pela Lei Estadual nº. 10.655/95.
Naqueles idos de 1831, os poucos habitantes da região, cansados pelos maus tratos desses bandoleiros, apelam pela ajuda do Comandante do Destacamento da Guarda desta fronteira, sendo atendidos por Osório que determina aos seus comandados a missão de abater ou prender tais arruaceiros.
Durante a realização do “Projeto pró-memória histórica das propriedades rurais”, de minha autoria, para o livro “AS ESTÂNCIAS CONTAM A HISTÓRIA – URUGUAIANA”, obra publicada em 2005, com parceria com o escritor Ricardo Pereira Duarte, encontrei na região de Pay-Passo (do Espanhol: Passo dos padres), a beira do rio, uma velha trincheira, completamente encoberta pela vegetação e arvoredo. Sempre me suscitou dúvidas a sua origem. Não poderia afirmar o motivo porque foi construÃda, nem porque força militar ou para-militar que ali esteve. Há bem pouco tempo, neste ano mesmo de 2007, fiquei sabendo terem encontrado naquela área, cápsulas de munições e um velho estrivo, que teria o brasão imperial gravado.
Teria sido o acampamento de Osório? Ou alguma outra força imperial?
- Quem sabe um dia a história irá nos comprovar esta dúvida, pois pelo que contam ainda a tradução oral dos moradores daquele local, existe a entrada de um fosso naquela trincheira.
No dia 10 de maio comemora-se, em todo o território Nacional, os duzentos anos de nascimento do General Osório e para que fique marcado na história desta Região a passagem desse grande vulto militar, propõe-se que seja colocado nas imediações dessa trincheira, no dia 4 de outubro, data de seu falecimento, um pequeno marco que se perpetue para o tempo, pela sua passagem na região da Barra do Quarai.
CARLOS FONTTES – Delegado da Academia de história militar terrestre do Brasil, delegacia “Gen Setembrino de Carvalho”
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