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Escrita

Quebrando muros: o mundo seria um lugar completamente diferente se não tivéssemos desenvolvido a habilidade da tradução
Caroline Rodrigues

Existe uma frase popular que diz "se você consegue ler isso, agradeça a um professor". Pensei que ela poderia ser adaptada para “se você consegue ler isso, agradeça a um tradutor”. O mundo seria um lugar completamente diferente se não tivéssemos desenvolvido a habilidade da tradução entre idiomas. Eu imagino um mundo em caixas fechadas, separadas por muros altos e maciços.

Essa imagem é impossível e a tradução vêm de uma simples característica humana: a necessidade de interagir e de se comunicar. A tradução é hoje uma área do conhecimento que se desdobra em diversas subáreas, que incluem a interpretação oral, a língua de sinais, a audiodescrição e tantas outras que surgiram da vontade que temos de compreender outras culturas e outras formas de expressão.

A tradução literária é uma das mais clássicas e - sorte a nossa - vem sendo aprimorada com o passar dos anos. Ela acompanha todos os movimentos sociais e científicos pelos quais o conhecimento passou ao longo dos anos. Assim como na ciência, os primeiros movimentos tradutórios foram feitos com base em tentativa e erro, por pessoas que dominavam diferentes idiomas, o que era o requisito mínimo para essa atividade. Hoje, há um aporte teórico que oferece ao tradutor a capacidade de fazer escolhas de tradução de forma consciente e profissional. Entende-se que traduzir não é somente trocar uma palavra de um idioma por outra equivalente em outro idioma. Os estudos de tradução apontam que uma boa tradução é feita por alguém que, para além do conhecimento da língua, tem conhecimento de mundo, bagagem cultural e gosto pela pesquisa. Traduzir é um trabalho minucioso, que não deve ser feito às pressas, o que, em geral, não condiz com o nosso apressado mundo, o que pode resultar em deslizes.

Uma busca no Google deixa claro que os erros de tradução se sobressaem, enquanto que os acertos de tradução raramente são mencionados. Isso faz com que o trabalho do tradutor seja bastante solitário e pouco reconhecido, principalmente se essa pessoa está fazendo um ótimo trabalho. Claro que há tradutores renomados, mas eles não ficam famosos, certo? Ou será que você saberia nomear algum tradutor ou tradutora? O reconhecimento do trabalho do tradutor é algo bastante recente e isso se explica também pelo fato de que, no início, acreditava-se que para fazer uma boa tradução era necessário que o tradutor fizesse um apagamento completo da sua voz, tentando ser o mais “fiel” possível ao texto original. Um desafio e tanto! Esse apagamento acabou sendo prejudicial para os tradutores, tanto no reconhecimento de um bom trabalho quanto no retorno financeiro. Hoje em dia, compreende-se que é impossível uma invisibilidade completa, pois o tradutor não pode se despir de suas convicções, preconceitos e crenças. Afinal, a tradução é também uma leitura muito particular e todos sabemos que um texto pode refletir de diferentes formas em diferentes pessoas. Além disso, há um crescente movimento de reconhecimento dos trabalhadores de tradução e dublagem. Quem assiste a desenhos animados deve ter percebido que os nomes dos dubladores, por exemplo, são listados e, algumas vezes, anunciados ao final dos episódios. Nos livros, há cada vez mais destaque para o nome de quem realizou a tradução.

Neste dia 30 de setembro, celebra-se o Dia Mundial da Tradução porque é o dia de São Jerônimo, considerado patrono dos tradutores. Ele foi o responsável por traduzir grande parte da Bíblia para Latim e era um grande estudioso de Grego e Hebraico. É dia de agradecer os tantos profissionais que se dedicam a transpor as barreiras linguísticas para que nós possamos não só nos divertir, com filmes e livros, mas também aprender e compreender as inúmeras formas de expressão existentes no mundo.


27/09/2022

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  Caroline Rodrigues

Caroline Rodrigues é tradutora e escritora. Nasceu em São Sebastião do Caí/RS, em 1977, e atualmente mora em São Leopoldo/RS. Formada em Letras, Mestra em Linguística Aplicada e Pós-graduada em Tradução. Egressa do Curso de Formação de Escritores da Metamorfose, tem contos publicados em antologias da editora, publica textos em seu blog, na Revista Parêntese e no blog da Escritor Brasileiro. É autora do livro de contos Sempre tem uma cachoeira, pela Editora Metamorfose. Em 2022, participa da Oficina de Criação Literária da PUCRS.

caroline.letras@gmail.com


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