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Literatura
A crônica
Suely Braga
Um dos grandes segredos da crônica é a ótica com que observamos os detalhes. É através disso que vários cronistas podem fazer um texto falando do mesmo assunto, mas de forma individual e original, pois cada um observa de um ângulo e destaca aspectos diferentes.
Quando a crônica surgiu era um relato de acontecimentos históricos, registrados por ordem cronológica. Podia-se usar uma visão mais geral ou mais particular, assim como podia-se destacar fatos mais relevantes ou secundários. A partir de Fernão Lopes, no século XVI, é que a crônica começou a tomar uma perspectiva individual ou interpretativa.
As caracterÃsticas mais relevantes de uma crônica são os objetivos com que ela é escrita. Seu eixo temático é sempre em torno de um fato cotidiano, uma realidade social, polÃtica ou cultural. Essa mesma realidade é avaliada pelo autor e uma opinião é gerada, quase sempre em tom de protesto ou de argumentação. Esse tipo de crônica pode ser simplesmente argumentativa e dispensar o uso da narração. É possÃvel que percam-se, assim, elementos tÃpicos como personagens, tempo e espaço. Dessa forma, podemos identificar dois tipos de crônicas: a primeira, narrativa, com um fato cotidiano, utilizando-se personagens, enredo, espaço e tempo. A outra maneira é a crônica dos textos jornalÃsticos, uma forma mais moderna do gênero, ao contrário da outra, que disserta, defende ou mostra um ponto de vista. As semelhanças entre as duas são justamente o caráter social crÃtico, abordando uma maneira de enxergar a realidade, muitas vezes com tom humorÃstico, irônico ou até sarcástico. Não se pode confundir a crônica com outros gêneros como conto ou fábula, estes têm caracterÃsticas individuais que os diferem. Em nosso estado, se destacam grandes cronistas como Luis Fernando Verissimo, Juremir Machado, Martha Medeiros. Em termos de paÃs, temos Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Fernando Sabino.
Em Carlos Drummond de Andrade, vemos que ele coloca o mesmo texto, muitas vezes, em um livro como crônica e em outro livro como conto.
O conto e a crônica são diferentes. A crônica, seja ela descritiva, narrativa, jornalÃstica ou polÃtica, se caracteriza por ser um texto mais curto, que se limita a apresentar um fato cotidiano com ou sem personagens, um fato social, especialmente a jornalÃstica, que precisa se adequar ao espaço do jornal.
A crônica polÃtica faz análise de um fato polÃtico emitindo ao leitor o posicionamento ideológico do escritor. Eu gosto muito da crônica e escrevo mais crônicas polÃticas, as quais publico nos sites e em coletâneas em que participo. Atualmente, com a agitação do mundo moderno e os meios de comunicação, como as redes sociais, a crônica é muito usada por ser um texto que se lê com rapidez e em qualquer lugar.
19/09/2019
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Suely Braga
Suely Eva dos Navegantes Braga é de Santo Antonio da Patrulha, RS. Foi para Osório ainda menina, onde resido até hoje. Pós-graduada em Orientação Educacional pela PUCRS, em Porto Alegre. Lecionou LÃngua Portuguesa e Literatura em várias escolas da cidade. Quando terminou o Curso de Orientação Educacional, passou a ser orientadora nas mesmas escolas. Sempre escreveu textos sobre educação e polÃtica, poesias em revistas e jornais. Depois de aposentada, se dedica à Literatura, escrevendo contos,crônicas e poesias. Em 2007, lançou seu primeiro livro de contos e crônicas: OS ÚLTIMOS ACORDES DO CONCERTO. Participou de Antologias e Coletâneas a nÃvel estadual e nacional e escreve em vários sites na internet: Recanto das Letras, Para ler e pensar, Artistas Gaúchos, Litoral mania.
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