Sexo, comida, sono, exercício físico. Não adianta negar, é só questão de tempo e o corpo exige sexo. Está certo, cada vez menos, vamos ser honestos. Podemos passar um bom tempo ingerindo apenas líquido, mas não esquecemos como mastigar, insiste o velho. Dizem que certas partes do corpo reagem à falta de uso. Os dentes, por exemplo, crescem demais sem a mastigação, a ponto de não se conseguir fechar a boca. Dizem também que outras partes vão diminuindo, parece que o nariz. Eu não acredito, já vi nariz muito pequeno, molezinho, quase escondido, mas permanece lá, cumprindo sua função.
Desejo é uma palavra interessante, diria que necessidade soa melhor. Sabe quando o estômago ronca, fica num vazio enorme, a boca salivando? Tudo em nosso corpo nos leva a comer, até pedra. Sexo – quem não sabe? – é a mesma coisa, chega um momento em que a natureza nos prepara de tal forma que, se não agirmos, ela, a natureza, trabalha por conta própria.
Mas natureza é natureza: sexo basicamente visa à procriação, à perpetuação da espécie. E temos a idade para isso, a idade da reprodução. Depois, o que sobra é mais cultural. Seio e bunda é cultural. Aprendemos – os homens – a valorizar essas partes, a excitação é visual, daí a saia curta, o decote, a boquinha pintada, o olhar arrasador – delas. Com índio não é assim e funciona da mesma forma. Cultural, minha gente. Viu como o assunto ficou chocho?
O desejo é composto de três ingredientes. Primeiro, o impulso, força primária e instintiva, puramente animal. Depois, a motivação. Aí entra o decote e tudo o mais. Vale também a fantasia. Mas a fantasia recompõe uma visão motivadora. Continua o decote. Por fim, o querer, autorização que o cérebro dá para que o impulso e motivação se realizem. Sem o querer, o impulso não vai adiante. A não ser, é claro, que estejamos numa ilha há mais de seis meses.
Se o problema é falta de impulso, o problema pode estar nos hormônios, uns comprimidos e bimba! Mulher é mais sujeita a isso, gravidez e parto são fatores que inibem os neurotransmissores no cérebro por causa da prolactina, responsável pela produção do leite materno. Daí o homem entra em quarentena e ainda dizem que gravidez é coisa de mulher; pode ser, mas o homem paga caro.
Pior é quando chega a menopausa, que minha tia chamava de outro nome. Na mulher, diminui o estrógeno, hormônio que a prepara, a deixa assim uma deusa. No homem, reduz a testosterona, hormônio do macho, também encontrado nas mulheres. Aí o macaco dança.
Continuando esse papo sem graça quanto ao desejo. As mulheres continuam a ser educadas muito mais para proteger-se das consequências do sexo do que para usufruir dele. Conversa de mãe com filha fala de gravidez, mãe solteira, homem sacana. Conversa de pai com filho pode ser assim: faz longe de casa e não dá endereço.
Sexo é um tema muito difícil para ser enfrentado. Ou a gente parte para a sacanagem e já vai tratando das pernas da..., dos seios da..., meu Deus, um fim de semana em Gramado com a... ou viramos médicos, conversa séria, argumentos científicos, a roda vai esvaziando, os amigos saindo pelos fundos, alguém comenta que estamos estranho, será que virou a casaca? E ninguém mais aceita o chopinho no bar, sai pra lá coisa ruim!
Mulher gosta desse papo mais científico, ela dá nomes sérios e bem postos para as partes do corpo, conversa como usar o sabonete, a última visita à ginecologista, tudo isso com uma alegria como se estivesse contando viagem à Paris. E a gente não consegue entender como elas podem achar graça com tais assuntos.
Daí que a velha natureza inventou a coisa mais sábia do mundo: reunião social de casais: homens de um lado, mulheres de outro. Enquanto elas tratam de perfumes, sabonetes e ginecologistas, filhos, empregadas, essas coisas! ... os homens preocupam-se com o essencial: a motivação (mulher). Porque impulso e querer nunca faltam.
Claro, estou falando de gente jovem.
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