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Auto-estima e (falta de) conhecimento
Léo Ustárroz

Em situações frequentes e historicamente recorrentes — a pouco, nas Olimpíadas —, ouve-se muito sobre nosso complexo de vira-latas. Tal complexo seria — na opinião de tantos — uma das principais causas que travam nosso desenvolvimento como povo e nação. Essa expressão, criada por Nelson Rodrigues após a derrota no jogo final da Copa de 1950 para o Uruguai, traduz a “inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo.” E o próprio criador explica que “não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima”.

Se até o início do século passado, Monteiro Lobato e outros afirmavam que a inferioridade do brasileiro era causada pelo excesso de miscigenação e pelo clima tropical — fatores da indolência e falta de vigor —, mais recentemente, o psiquiatra Humberto Mariotti — dentre outros — levantou como causas, aquelas que tem a ver com o conhecimento, ou a falta dele.

Por falta de conhecimento, o trabalhador médio brasileiro tem baixíssima produtividade e falta de qualidade em geral, e o ciclo vicioso completa-se com a pouca ambição e baixos salários. A parte mais frágil nesse processo é o trabalhador menos qualificado, o primeiro a sofrer os efeitos do desemprego. A mudança desse quadro, para uma trajetória virtuosa, passa por investimentos efetivos em educação — com foco nos professores —, mas também pelo enfrentamento da falta de ambição intelectual do brasileiro. E, neste aspecto, cabe a nós — elite deste país —, que recebemos — e aproveitamos —  um quinhão desproporcional ao que a grande massa dos brasileiros recebe, dar o exemplo concreto e estimular o desenvolvimento de novos padrões de comportamentos objetivos, incluindo a leitura, a reflexão e discussão de ideias, sem conclusões pré-concebidas.

Enquanto não construirmos na realidade objetiva razões para elevar a autoestima, nosso comportamento de vira-latas tende a continuar alimentando o complexo de mesmo nome, pois este é apenas o efeito, não a causa.

E nossos campeões olímpicos continuarão chorando muito, em vitórias e derrotas, pois imaginamos que os resultados obtidos tenham a ver com algum merecimento pessoal subjetivo, algo que o mundo nos deve, e não com a preparação para vencer.


24/10/2016

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Comentários:

Parabéns pelo texto, muito bem elaborado! A mensagem foi passada sem sombra de dúvida..
FERNANDA, SUMARÉ 04/12/2016 - 21:03
Invejável tua lucidez e capacidade de argumentar sobre um tema. Neste, tocaste no fundamento, na causa de uma imagem depreciativa do brasileiro, sem divagações. Parabéns.
Maria Rosa Fontebasso, Porto Alegre RS 26/10/2016 - 10:14
Excelente abordagem, de fato nos falta exemplos para admirar e seguir.
Antônio Rissato, Porto Alegre 26/10/2016 - 09:27

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  Léo Ustárroz

Léo Ustárroz nasceu em 1952, natural de Bagé-RS. Com formação em Engenharia Química pela UFRGS e Ciências Jurídicas e Sociais pela PUCRS, é empresário, bloguista, e contribui como articulista em jornais locais e sítios eletrônicos. Autor dos romances SALA DE EMBARQUE (2016) e RESGATE EM PAMPLONA (2018), pela Editora Metamorfose.

leoustarroz@jus.adv.br
leoustarroz.blogspot.com


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