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Reflexão

A difícil diferença entre cultura, arte e entretenimento
Marcelo Spalding

Paulo Coelho, Zé do Caixão, Michel Teló, Carla Perez, Romero Brito; Julio Iglesias, Madonna, Chaves, Roberto Benini; Psy, Valesca Popozuda, Larissa Manoela. Isso tudo é cultura? E se não é cultura, é o que? Diversão? Alienação? Uma bofetada no gosto público?

Para responder a esta fácil questão é preciso retomar o difícil conceito de cultura. E vou resistir à tentação de começar com a etimologia da palavra, primeiro porque não sou versado em latim, segundo porque a origem do termo cultura é tão ampla que pouco ajuda na definição.

Ocorre que cultura não é sinônimo de arte, nem de erudição, como muitos pensam. E tanto pensam que chamam de culto aqueles que ouvem música clássica alemã, entendem de literatura francesa ou assistem a filmes italianos. Cultura é, grosso modo, o oposto de natureza, o domínio do homem sobre a natureza. Tanto que até o Iluminismo francês o termo cultura estava associado ao cultivo da terra, ao que hoje chamamos de agricultura. Daí a “cultura” do tomate, a “cultura” da uva, etc.

A oposição, então, é entre o que é natural X o que é cultural. Comer é natural; comer fondue é cultural, comer churrasco é cultural. Transar é natural; strip-tease é cultural, monogamia é cultural; Dormir é natural; sestear em rede é cultural, dormir em cama de casal é cultural. Ter medo é natural; representar o medo é cultural, criar mandingas é cultural.

Claro que essa acepção de cultura é muito ampla e não condiz, por exemplo, com a função do Ministério de Cultura de um país (que não lida com a religião, com a agricultura, com a tecnologia, etc), nem com os assuntos de um Caderno de Cultura jornalístico (embora estes estejam ampliando sobremaneira suas pautas). Nestes casos, cultura é compreendida como o conjunto de representações, partindo das sete artes (literatura, teatro, pintura, escultura, música, arquitetura e cinema), mas hoje estendendo-se a folclore, televisão, moda, design, gastronomia, HQs, games, etc.

Note, porém, que não há juízo de valor no termo “cultura”. Dessa forma, sim, Julio Iglesias, Paulo Coelho, Chaves, Zé do Caixão e Valesca Popozuda são parte da cultura, tanto quanto Shakespeare ou Noel Rosa. Beijinho no ombro para todos nós.

É nesse ponto, porém, que devemos distinguir duas categorias que estariam dentro da categoria cultura: arte e entretenimento. Quando se fala em jornalismo cultural, especialmente, temos de lembrar que ele lida com arte e entretenimento, o que inclui a novela das seis e o Big Brother. Essa é a dicotomia; não, como escrevem alguns, cultura e entretenimento, pois o entretenimento é parte da cultura, gostemos ou não.

É na distinção entre arte e entretenimento que o terreno torna-se pantanoso, pois lida com aspectos estéticos, ideológicos e, em ambos os casos, de forma subjetiva. Não que os conceitos não sejam relativamente claros: entretenimento é aquilo que diverte, distrai, entretém; arte, segundo o Houaiss, é a "produção consciente de obras, formas ou objetos voltados para a concretização de um ideal de beleza e harmonia”. O difícil, aqui, é definir beleza. O belo é uma construção ou é algo palpável, objetivo? E definir limites: não pode algo entreter e ser belo?

Para não entrar em meandros filosóficos que vão além de minha alçada, e estudos sobre a estética temos muitos, podemos dizer que, pensando nos extremos, a principal diferença entre aquilo que é produzido como arte e aquilo que é produzido como entretenimento é o fim, o objetivo. A rigor, e sendo muito simplista, uma sequência do Homem Aranha quer arrecadar muitos milhões no fim de semana de estreia e deixar os investidores felizes, mesmo que seja esquecido daqui a um ou dois anos. Por outro lado, um Saramago ou um Guimarães Rosa não fazem concessões de linguagem porque não querem perder sua credibilidade, acreditando estarem fazendo algo sublime, artístico, que permanecerá para além de seu tempo e espaço (e são reconhecidos pelo público, pela mídia, etc exatamente por este motivo).

Claro que muito do que é produzido como entretenimento pode, com o tempo, obter valor artístico, seja pela qualidade da obra, seja pela sua importância histórica (por vezes por ambos os motivos). O filme Casablanca e o seriado Chaves talvez sejam bons exemplos. Por outro lado, algo que seja produzido como arte pode acabar tornando-se puro entretenimento, e que o digam esses videozinhos virais da internet.

Isso não impede, porém, que se tenha clara a distinção entre arte e entretenimento, até porque o público faz essa distinção. Apesar de todos os esforços da indústria do entretenimento (se os frankfurtianos vivessem hoje...), as pessoas querem algo que mexa com elas, algo que permaneça em seu imaginário, algo que amplie seus horizontes simbólicos, amplie sua visão de mundo. Isso só a arte faz. Pergunte para alguém ao seu redor qual foi o filme, o livro, o disco ou a peça de teatro que mais marcou sua vida. Duvido que a resposta seja Rambo ou Valesca Popozuda.

Talvez a solução para compreendermos nosso momento cultural contemporâneo seja não ver o conceito de arte como algo binário (é ou não é arte), e sim como um atributo que pode estar mais ou menos presente em determinada obra. Porque certamente há elementos estéticos (artísticos) em um blockbuster ou em uma novela das seis, assim como há elementos de entretenimento em um romance de Saramago.

Discutir quais são esses elementos, o que torna um filme melhor do que outro, um livro melhor do que outro ou uma música melhor do que outra para um conjunto grande de pessoas (não se pode fazer esse tipo de avaliação com a opinião de uma pessoa só), discutir o que faz de Tarantino, Saramago ou dos Beatles o que eles são é, talvez, o grande desafio para quem trabalha com cultura hoje. E não tentar desqualificar a Popozuda porque ela quer ganhar dinheiro e chama a atenção da mídia.

Fazer cultura é um direito de todos, até da Popozuda. Eu diria até que é inerente a cada um de nós. Já fazer arte é um ofício, um dom, um mistério, uma busca incessante de uns poucos loucos como alguns de nós. Ainda que jamais consigamos alcançá-la.

26/07/2014

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Comentários:

Gostei muito da sua explanação sobre a diferença entre cultura, arte e entretenimento. Particularmente, confundia muito arte com cultura. Só acho que atualmente as pessoas valorizam mais o gosto popular mais lucrativo, como: músicas depreciatívas, textos sobre sacanagem e a valorização dos atributos físicos das pessoas; em vez de algo bem escrito ou bem feito, que realmente tenha um valor artístico. Por exemplo, onde está a poesia e o romantismo hoje em dia? Niguém mais acredita no amor. As pessoas tornaram-se descartáveis como objetos. Enfim, essa é apenas minha opinião. Como amante da poesia e do romantismo gostaria de fazer essa ressalva. Voltando para o texto, gostei muito do assunto abordado. Vale a pena fazer essa reflexão sobre cultura, arte e entretenimento em nosso país.
Ivanildo de Oliveira Sales Filho, Caruaru 20/06/2022 - 15:49
Adorei o texto! Fiquei aqui pensando na indústria do entretenimento e nos frankfurtianos, eu acho que as pessoas querem que algo permaneça no seu imaginário (ainda que rapidamente, pois aquilo que somente entretem geralmente é rapidamente esquecido) porque precisam - ou sentem que precisam - se abster da realidade em que vivem, da labuta do dia a dia que o próprio sistema as colocou. É preciso se entreter para que sentimentos "fortes" se expressem, e rapidamente se extinguem, para que assim a realidade seja transformada (mesmo que de forma curta).
Pluma, Londres 12/12/2021 - 14:46
.....
Laiane Gabriele Rosa Antunes da Fonseca, Minas do Leão 25/11/2021 - 13:32
.......
Laiane Gabriele Rosa Antunes da Fonseca, Minas do Leão 25/11/2021 - 13:31
Muito boa explicação sobre o que arte agora sim compreendi mais e temos que valorizar cada artista que tem um talento explendido cada mostrava cultura diferente um gostinho diferente
Grasiela, Butiá 18/11/2021 - 21:09
A maneira como fez a explanação acerca de cultura,arte e entretenimento
Fiquei encantada com o texto., Cajazeiras -Pb 04/08/2021 - 19:00
Texto muito esclarecedor e com tom conciliatório. De fato, as concepções vão mudando, os objetos culturais e artísticos se metamorfoseiam, assim, a solução proposta - ver o conceito de arte como um atributo que pode estar mais ou menos presente em determinada obra - viabiliza aprofundar as discussões sem cair no abismo da intolerância, preconceito ou das verdades definitivas. O tom de abrandamento de potenciais conflitos é bem-vindo, como foi dito no texto, mais vale buscar compreender o que faz uma determinada obra ser considerada arte, do que desvalorizar objetos culturais que buscam ser incluídos nessa categoria. Uma vez ouvi de um certo professor e escritor uma frase que se revelou, depois, dolorosa para mim, mas que guarda alguma verdade (no contexto da recepção cultural/artística), mais ou menos isto: o silêncio é a melhor resposta para o que não merece atenção.
Raísa Feitosa, João Pessoa/PB 09/03/2021 - 13:11
Caro Professor, amei o seu texto incrível! De fato, consegui compreender o que é cultura, arte e entretenimento. Trabalho atualmente com projetos artisticos e culturais, e com o seu texto consegui fazer esta distinção, sendo algo que antes eu as vezes falava, mas não tinha propriedade de fato para entender a singularidade e a junção ao mesmo tempo. Além disso, sou aspirante a poetisa e escritora e me vi neste contexto, pois consegui de forma geral identificar o seguimento e/ou junção dos meus poemas, contos e projetos.
Helen de Paulo Araújo, Campinas/SP 14/02/2021 - 20:08
Texto claro, esclarecedor. Faz pensar sobre a diversidade de manifestações artísticas e de entretenimento. Nos limites e deslimites. Penso nas leituras feitas em família em meados do século XIX. Nos folhetins dos jornais. Penso no samba e rock e hq's que em seu início foram rejeitados por uma certa elite cultural. Mas posteriormente conquistaram seu espaço cultural. Só penso. Rejeito por ausência de qualidade (pra mim, bem entendido) certas manifestações difundidas pela Indústria Cultural. No entanto, intuo, como referido no texto a possibilidade de umas poucas dessas ganharem "status" de Arte futuramente. Paradoxo maravilhoso. Como seu texto.
Natan Alencar, Cubatão/SP 29/09/2020 - 17:36
Lembrei-me de uma conversa com um colega psicólogo, que sobre a "sofrência" muito bem pontuou: quando tristes por amor, todos consumimos sofrência, seja ela uma sofrência "cult", um blues ou algo equivalente, seja Marília Mendonça. A função catártica é a mesma. Disso depreendi que mesmo no entretenimento às vezes se encontram lições de vida surpreendentemente sábias.
Vladya Mara, Fortaleza CE 03/08/2020 - 11:56
Fazer cultura é um direito de todos, realmente. Arte, porém, alguns possuem esse dom. Esclarecer essa dicotomia entre arte e entretenimento fez lembrar do livro a cultura do entretenimento de Vargas Llosa, no qual revela as transformações culturais que nos cercam e no que nos tornamos, e ainda no que há de vir. Hoje novas significados foram obtidos, felizmente. Prefiro a arte, mas não nos olvidamos do entretenimento.
CARLOS LEANDRO MAIDANA DA SILVA, Porto Alegre 08/07/2020 - 23:32
Reflexão interessante. As diferenças devem ser respeitadas. E fomentados os saberes comuns de cultura, arte e entretenimento. A vida ensina e o tempo seleciona o que continua depois da nossa experiência terrestre.
Jose Tomaz de Aquino, Barretos / SP 11/06/2020 - 22:21
Professor Marcelo, excelente texto! Atualmente na era do streaming e lives e aplicativos de reunião (ainda mais acessado pelo isolamento social) o entretenimento está mais em destaque. Dentre as infindáveis mídias, existe muita Cultura e Arte. Os profissionais têm se reinventado para esta nova realidade (Covid-19) e o pós-pandemia, o que é muito interessante!
Luiz Alexandre Kikuchi Negrão, São Paulo/SP 19/04/2020 - 12:25
Lembro-me de ouvir de um amigo e professor sobre a palavra "vocação". Se é algo que nos chama e nos empurra a escrever, pintar ou atuar está aí a razão de se fazer arte. Clarice Lispector comentava que se pode ser chamado e não saber aonde ir. Verdade. Outra verdade é que cada um dos artistas só pode oferecer em suas obras o que têm dentro de si. Nada mais. Caetano Velozo e Valesca Popozuda oferecem o melhor que eles podem em sua arte. Como não vamos discutir se a música do compositor baiano é arte, nos sobra a da carioca. É arte. E também entretenimento qual Caetano. O que se faz para torná-la popular e lançá-la como tal isso lá é obra dos capitalistas. Os caras que querem dinheiro. Esses caras estão em toda a parte envolvidos com os artistas. Eles também acompanharam, aconselharam, produziram e lançaram, no intuito de ganhar dinheiro, a obra de gênios como Felini ou Bergman. Lembro também de ouvir um amigo, lá pelos idos dos setenta, "cada macaco no seu galho". E outro ditado africano também cabe muito bem nesta situação que diz que sendo leão ou zebra você terá que corrrer muito para sobreviver. Se eu sou capitalista, faço dinheiro, se sou artista, faço arte. E cada macaco no seu galho!
Guilherme Malcher, Rio de Janeiro 24/02/2020 - 17:27
A mim encantam as respostas às construções do pensamento. Até no que é produzido para atender ao mercado. Pois ao extravasar, é criada a diversidade de sentimentos que nos levam a estar debatendo sobre arte, cultura e entretenimento. Se a letra de alguns funks não impressionam pela estética, a reação das pessoas à ela me encanta profundamente e não é isso o importante?
Viete, Ribeirão das Neves/MG 21/02/2020 - 07:17
Olhando a chuva na janela, leio os comentários, enquanto penso nela, na cultura; e a arte e o entretenimento, discussão boba, coisa de otários.
Ney Porto Alegre, Rio de Janeiro 10/02/2020 - 17:24
A alusão à dificuldade de discutir, desde sempre, a concepção de cultura / arte / entretenimento, no caso específico da música brasileira, a Valesca Popozuda, agrego o sucesso de Jojo Todynho, com “Que tiro foi esse? ” A composição figurou como a “música do momento”, além de líder de vendas no iTunes e uma das mais procuradas no Spotify, o mais popular serviço de streaming do mundo, ao longo de 2018. No entanto, acredito ser preciso contestar o mérito dessas produções, pelo que mantêm de efêmero, banal e transitório. Valesca e Jojo são tão somente exemplo patético de quão decadente está a música brasileira. São esses acordes que estão dominando o país. As verdadeiras letras estão sendo relegadas a um segundo plano. O sucesso demanda somente uma estrofe tosca e um rebolado ainda mais bronco e disforme. E pior, parece ser proibido não gostar do que aí está...
Maria das Graças Targino, Teresina 17/01/2020 - 14:44
Caro Professor, o seu texto fez-me lembrar de um livro de Schopenhauer (O mundo como vontade e como representação), nele o autor afirma que a arte é uma manifestação que liberta o homem do instinto e o eleva a uma condição emancipada do animal. Então, nesse sentido, é-me difício conceituar a arte, pois é algo que se sente.
Antônio Aurélio, Canindé 14/01/2020 - 19:48
Professor Marcelo, o seu texto me fez ver o título de outra forma: "Cultura, arte e entretenimento: diferenças fáceis de entender". Esse é só um jeitinho que encontrei para lhe parabenizar pela clareza das informações e por facilitar a compreensão de tais diferenças.
Natália Drumond, Itabira/MG 07/01/2020 - 23:06
Gostei muito das referências colocadas no texto. Eu mesma tinha uma visão que entre cultura, arte e entretenimento existia uma linha tênue, mas depois de ler essa publicação consegui entender a diferença entre os três elementos abordados e com acima de tudo saber respeitar os diversos gostos mesmo sabendo que o que as pessoas mais querem é alo que as toquem e as marquem com leveza e profundidade ao mesmo tempo.
Inaiara A. de Souza Martis, Rio de Janeiro/RJ 29/12/2019 - 16:10
Este texto é muito esclarecedor. Concordo com as afirmações do professor Spalding. Entendo ainda que a percepção do belo, da estética, na arte, está relacionada também à bagagem cultural (artística e de entretenimento) que vamos adquirindo ao longo da vida. Quanto mais estamos expostos à arte, mais somos hábeis, aptos a senti-la em suas sutis e consistentes manifestações. É um ciclo virtuoso que sempre pede mais arte.
Domingos Sávio Dalla Vecchia, São José do Rio Preto/SP 30/11/2019 - 16:04
Gostei da definição de cultura, bem como das comparações do que é arte de valor, que marca, que faz história e o que é arte temporária. Fiquei com muita vontade de compartilhar o texto.
Prescila Francioli, Campo Mourão/Pr 31/10/2019 - 14:52
Não tenho condições ainda,nem me sinto capaz de classificar o texto como ótimo ou escrito de forma correta. Gostaria de colocar o que me ocorreu ao lê lo . Um dançarino, seja de que ritmo for, até funk,pode entreter muitas pessoas por muito tempo,mas um dançarino que interpreta com gestos e expressões faciais ou corporais a música, pode dizer-se que faz arte.
Beatriz vila verde de oliveira leipnitz, Porto alegre/rs 22/10/2019 - 15:36
Professor Marcelo, De alguma forma, a leitura de seu texto, me fez repensar no meu preconceito sobre essas explosões globais, divulgando "cultura" massiva, sem considerar que essas expressões também são apreciadas por muitas pessoas. Como diz o outro, gosto é preferência! E muitas vezes, vende mais!
MARIANGELA ARAUJO DE ALMEIDA E SILVA, Belo Horizonte 19/08/2019 - 17:01
Para aqueles que conhecem e admiram uma arte mais refinada, me parece absolutamente normal, e até razoável, que tenham certo desprezo por uma cultura de massa.
Marcelo Leusin de Souza, Porto Alegre/ RS 30/04/2019 - 11:57
Professor, que texto maravilhoso de ler! Em alguns parágrafos você traz conceitos e reflexões super pertinentes de maneira muito leve. Fez efeito em mim e provocou discussão com quem eu compartilhei. Obrigada, só tenho mais anseio em seguir com o curso.
Etiene da Silva Mendonça, São Luís 20/02/2019 - 23:18
É importante fato de não haver juízo de valor no termo “cultura”. Aprendi isso ao dar aula na periferia, quando meus alunos tentavam me convencer (e conseguiram com seus argumentos) que funk é cultura. Afinal, é a cultura deles, é o que eles ouviam (e ouvem) todos os dias. Coube a mim fazê-los observar outras "culturas" e estabelecer relações, comparações e ensina-los a apreciar outras formas de expressão, definindo o que pode ou não ser arte. O senso estético? Esse se constrói com o tempo...
Vanessa Viega Prado, Porto Alegre/RS 26/08/2018 - 21:41
As relações entre arte e entretenimento, entre a ciência e a tecnologia, e suas interconexões, como também partes da cultura e da produção simbólica humanas são complexas e os limites por vezes um tanto "borrados". O que me chama atenção é a pasteurização do gosto e a larga aceitação que é criada para a recepção de produtos culturais de gosto duvidoso e conservador: imagens e discursos sexistas, homofóbicos, preconceituosos, que exaltam estilos de vida predadores e relações humanas baseadas em valores mercantis.
Maria Manuela Alves Garcia, Pelotas/RS 26/08/2018 - 10:22
Me lembrei do livro a Dialética do Conhecimento de Adorno e penso ser a citação seguinte pertinente” “a indústria cultural pode se ufanar de ter levado a cabo com energia e de ter erigido em princípio a transferência muitas vezes desejada da arte para a esfera do consumo”.
Danielle Aleixo, Brasília 17/07/2018 - 15:49
Venho acompanhando as atuais discussões sobre a posição binária que você cita no texto “é ou não é arte”, todos se arvoram no direito de julgar se é ou não arte. O seu texto além de esclarecer muito bem os conceitos de cultura, arte e entretenimento, os dois últimos partes da cultura embora não gostemos de admitir, vem de encontro ao que me vem sempre que leio tais discussões, o que menos importa é se é arte ou não, se não gosta, é muito simples, não veja, não leia, não participe, afinal temos o direito e o dever de escolher. Assim como não gostamos de todas as obras reconhecidas pelo valor estético e que permanecem além do seu tempo, escolhemos sempre aquelas que falam aos nossos sentidos, aos nossos corações, se alguns momentos convidam ao entretenimento, por que não? Cabe a cada um definir o seu limite de tolerância aos entretenimentos disponíveis e aproveitar aqueles que, com o perdão da redundância, o entretém!
Alice Felicissimo De Mario, São Paulo 05/03/2018 - 19:20
A leitura deste texto me fez ter certeza da qualidade do curso. Obrigada por compartilhar sua visão de cultura.
Maria Theresa Gomes, Cariacica - ES 24/10/2017 - 11:11
Gostei muito do texto, pela clareza e pelos pontos de vista sobre a Cultura ! Sou admiradora da tua escrita tenho empatia pelas coisas que escreves. Parabéns !
vera salbego, Uruguaiana RS 29/05/2017 - 17:37
Gostei do texto pelos esclarecimentos quanto ao que é cultura, a diferença de arte e entretenimento.Fiquei a pensar na questão da diferenciação entre arte e entretenimento, pois o que um vê de beleza em algo pode não existir para outro, sobretudo para os padrões da atualidade.
Josue Feitosa, Jandira/SP 10/04/2017 - 16:12
muito bom o texto. a discussão entre o que é cultura e o que não é,me fez fazer boas reflexões.
Gildeí, ibotirama bahia 27/03/2017 - 10:05
Acredito que a Arte, assim como a Cultura sofre mudanças o tempo inteiro. Na Arte, sito o exemplo da pintura, que se populariza cada vez mais através dos grafites, e na escrita, as crônicas e artigos publicados em jornais e revistas. Ambos de fácil acesso à população em geral. Penso que esta proximidade agrega cultura, e, de quebra proporciona entretenimento.
Rosa Maria G. Furlanetto, Porto Alegre - RS 17/03/2017 - 21:47
Penso que o escritor, tal como o pintor ou o músico, tem antes de tudo uma necessidade inerente de se manifestar, de expressar sua arte, de dar o seu recado ao mundo. É algo do qual ele não consegue fugir, não há opção - isto está dentro dele e sempre estará. Este recado a ser dado ao mundo pode ser compreendido ou não, pode ser aceito ou não, mas ele sempre será passado, ou do contrário, teremos seres frustrados e infelizes pela frente. Por este motivo, entendo e respeito a Valesca Popozuda, o Paulo Coelho ou o malabarista que fica na esquina fazendo suas performances. Eles fazem o que fazem porque esta é a sua essência, a sua cultura particular, que será compartilhada e absorvida por muitos e negligenciada e menosprezada por outros tantos. Quanto ao atingimento daquilo que chamamos por "arte", creio que é algo restrito a poucos felizardos, que carregam consigo um misto de coisas, como talento, esforço, disciplina, sede de aprimoramento, teimosia, e um pouquinho de sorte também, pois a sorte acompanha os vencedores. Imagino a arte como uma irmã mais velha, mais sábia e experiente, que, do alto de suas sólidas certezas, enxerga longe o horizonte, e a cultura como aquela irmã menor xarope, que fica pulando aos seus pés, pedindo colo e chamando a atenção. De vez em quando elas andam juntas, se dão as mãos,... Há vezes em que a arte carrega a cultura no colo e vezes em que ela se fecha em seu quarto e não a deixa entrar. Às vezes brigam de se matar! Quando estão juntas, são felizes. Quando estão longe, sentem falta uma da outra, pois são ao mesmo tempo individuais e complementares.
Deise Ferraz, Porto Alegre 15/03/2017 - 17:54
Parabéns, Mestre! Foi muito esclarecedor o teu texto. Aliás, em poucas linhas, provocaste em mim muitas reflexões para que possa melhor me aventurar no universo da escrita criativa.
Ricardo Machado, Porto Alegre/RS 15/03/2017 - 14:42
Parabéns professor Marcelo, este foi sem dúvida um excelente texto, deu para entender perfeitamente a mensagem.
Keila Melo, Açailândia - Ma 10/03/2017 - 19:57
Professor, obrigado pelo artigo esclarecedor. Muito bom! Gostaria de contribuir se me permite, observando sobre o sucesso e a notoriedade; eu me incluo nesta lista de poucos loucos, e mesmo sem um motivo tão evidente, insiste em escrever, em busca de se fazer arte. Há uma diferença bastante relevante entre o sucesso e a notoriedade. Acredito que muitos, como eu, terão sucesso, se sentirão bem e realizados com a construção de textos; porém, a nossa vaidade e o mundo nos atrai para a notoriedade; esta, parece, mas não é garantia de bem estar; em alguns casos o efeito é contrário. Sejamos felizes com nossa arte, mesmo sem notoriedade. E saibamos valorizar os artistas comuns, simples e humildes (eles estão por toda a parte, é só enxergá-los), não apenas os consagrados. Acho que um bom medidor do sucesso é: fez bem a alguém? Um só basta? Pode ser inclusive, nós mesmos, melhor se for um próximo. Apenas uma lembrança aí, um ponto de vista sincero, de coração... forte abraço!
Samuel, Passos, MG 15/02/2017 - 16:35
O texto foi definido de uma forma simples e objetiva revelando o verdadeiro significado de cada um dos temas. Com certeza levou ao leitor a compreensão de suas diferenças. Excelente!
Neide Silva, São Paulo 16/01/2017 - 21:45
A qualidade desse texto me convenceu de que fiz a escolha certa, por duas razões: objetividade e estética. Você abordou um assunto polêmico, que atrai opiniões divergentes, com maestria e arte, demonstrando com clareza as características de cada conceito: arte e entretenimento.
Josemar Luiz Barone, Rio Bananal/ES 26/12/2016 - 20:36
Cultura é criada a partir das necessidades Biológicas de um grupo social, tais necessidades são convertidas em práticas consensualizadas no inconsciente coletivo; arte é a representação criativa e manifesta dessa cultural, se não for atemporal e nem universal, pode ser simplesmente entretenimento. Porém, isso não significa que qualquer tipo de arte, não possa entreter e pendurar, o que não acontece com o entretenimento, ele é efêmero. É o que compreendi...
Manoel Messias Serafim dos Santos, Redenção - PA 15/11/2016 - 23:55
Cultura é criada a partir das necessidades Biológicas de um grupo social, tais necessidades são convertida em práticas consensualizadas no inconsciente coletivo; arte é a representação criativa e manifesta dessa cultural, se não for atemporal e nem universal, pode ser simplesmente entretenimento. Porém, isso não significa que uma tipo de arte qualquer não possa entreter e pendurar, o que não acontece com o entretenimento, ele é efêmero. É o que compreendi...
Manoel Messias Serafim dos Santos, Redenção - PA 15/11/2016 - 23:51
Gostei muito do texto, pela claresa, por conter pontos de vista que venho matutando a um tempo. Sou agente cultural e tenho pensado muito sobre o que leva certas pessoas a gostar de alguns tipos de música que, apesar de ser entendida como entretenimento, não colaboram em nada para o amadurecimento intelectual, sendo que muitas delas ainda os levam a ter menos amadurecimento, semeando desvalores. Consultando estas pessoas, muitas delas não tem uma definição real sobre o motivo da preferência por tais músicas e também não estão interessadas em saber definir suas preferências. Muito menos interessadas em querer amadurecer intelectualmente. - O que fazer? kkkkkk
Ilton Barbosa, Brasília, DF 24/08/2015 - 16:17
Depois de ler esse último texto sobre cultura, arte e entretenimento, senti a necessidade de cumprimentá-lo pelo certeiro discernimento que fizeste. Fico MUITO feliz de ler algo assim, ainda mais quando é direcionado a quem provavelmente não tem definidas essas noções - ou as têm de modo equivocado, o que é bastante comum. O que mais me agradou na leitura foi constatar, não só a coerência do texto, mas a maneira como tu estruturou a ele, de modo que o leitor possa refletir sobre a questão. A maioria dos textos sobre o assunto que encontro por aí acabam martelando o "certo" e o "errado", e taxando negativamente quem discorda. Tu não fez isso, muito pelo contrário. Em linguagem simples que não tenta ser mais "culta" do que precisa, tu diferencias cultura, arte e entretenimento de um jeito incrivelmente fácil de entender, e convida o leitor a mergulhar na discussão e tirar conclusões próprias. Essa é uma postura nobre que está em falta nos comunicadores em geral, e que, no meu entender, merece ser reconhecida quando aparece. Por isso escrevo esse email solitário. Quando leio algo assim, sinto que preciso fazer o autor saber que seu texto gerou essa reação rica e feliz em alguém completamente desconhecido.
Guilherme Huyer, Porto Alegre 23/08/2014 - 21:28
Fico encantada com seus textos. Dá gosto de ler.Um verdadeiro artista das letras e pensamentos.
Ecilda Symanski, Porto Alegre - RS 29/07/2014 - 22:59

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  Marcelo Spalding

Marcelo Spalding é professor, escritor com 8 livros individuais, editor de mais de 80 livros e jornalista. É pós-doutor em Escrita Criativa pela PUCRS, doutor em Literatura Comparada pela UFRGS, mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS e formado em Jornalismo e Letras.

marcelo@marcelospalding.com
www.marcelospalding.com
www.facebook.com/marcelo.spalding


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