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Literatura

Depois dos impressos, a vez do digital
Jacira Fagundes

É assim, o novo costuma se apresentar coberto por nuvem de fumaça. Algo nebuloso e fantástico e por vezes aterrorizante como uma anunciação. Quanto menos próximo do olhar comum e conhecido, mais o novo se constitui na expressão do apocalipse. A história revela a trajetória da humanidade nas constantes transformações pelas quais teve de passar e aderir, mediante descrença, medo e insegurança. Contraditoriamente, mediante efeito de fascínio, paixão e cobiça. Em nossos dias, a alta dose de rejeição acontece desde com as experiências nucleares até o restrito setor da moda. Mas a sedução e os interesses individuais asseguram a novidade e a humanidade por fim agradece.

Nas artes, o novo não se faz diferente. Clássicos e modernos, seguidores e inovadores, veem convivendo em harmonia nas galerias de arte e estantes de livros, salvaguardadas as diferenças. Com o advento da Internet, tanto a arte visual quanto a arte literária, saíram – a primeira das telas e dos formatos tridimensionais, a segunda do papel – para a telinha do computador. Olhares cépticos se expandem e imagens e textos alcançam visibilidade num clique onde a relação espaço/tempo pode ser irrelevante.

Os arautos das novas tecnologias proclamam a mais funesta revelação acerca do destino do objeto livro, à semelhança do destino da humanidade: o fim. Asseguram, e esta é uma discussão a que venho assistindo regularmente, que o nosso velho conhecido livro – objeto impresso em papel, sensível ao manuseio e também ao olfato – tende a ser banido de nosso convívio. Não mais editoras nem livrarias nem distribuidoras. Sebos, talvez, para os que resistirem? Bibliotecas, colecionadores, museus? Já as vanguardas se postam longe da polêmica – nada substituirá a emoção do toque, do cheiro, da leitura ao sabor de pausas, do transporte do livro pelas calçadas e parques, dos marcadores entre as páginas. São os quixotescos sonhadores que não admitem nem se aventuram a leituras em outros suportes que não o papel; desconfiam de impropriedade, vulnerabilidade e inconsistência que apostam girar em torno do digital.

Sou curiosa por natureza e aprecio a experimentação; o novo me seduz. Talvez estes sejam pontos que me impulsionam para os diferentes caminhares da literatura que faço – conto, miniconto, novela, crônica, poema visual; literatura direcionada ao adulto, literatura direcionada ao pequeno e jovem leitor. Até o momento meus textos fizeram parte de coletâneas e livros impressos, e também de periódicos e revistas. O gosto pelo novo me levou a publicar na web – criei meu site pessoal e logo a seguir o blog, e ainda divulgo textos em outros tantos espaços da rede. Acredito que a tecnologia me inseriu no espaço universal onde estou confortavelmente instalada, sem exigência de privacidade.

É hora então de anunciar um livro novo, com textos selecionados entre os muitos publicados em sites, revistas e jornais. Pequenos Notáveis – seleção de crônicas e minicontos é o mais novo livro de minha autoria, meu primeiro livro digital. Experimento o novo formato em novo suporte com intensa expectativa e antecipo que a leitura não será em nada inferior às leituras que leitores convencionais fizeram de meus livros impressos. Apenas diferente – o clique na seta ordenando o abrir de páginas e a gratuidade.

Quanto ao texto, a mesmíssima qualidade dos demais. E de resto, a promessa de novos livros, impressos e digitais intercalados, depositando fé em vida longa. Para ambos.

Acesse aqui o livro gratuitamente


23/03/2011

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Comentários:

Jacira,gostei muito do teu artigo.Concordo contigo ,acho que mesmo na era digital há espaço para o livro impresso e o livro digital que é a nova forma usada pela maioria.Desejo ler teu livro.Estou curiosa. Abraços. Suely Braga
Suely Braga, OSÓRIO RS 05/05/2011 - 22:29
Massss ahhhhh!! Adorei teu texto. Isso é o que tem de mais atual. Já tô acessando teu livro. Que venham outros!!! bj
Rosinaura Lisboa de Barros, Porto Alegre 24/03/2011 - 21:00
Achei ótimo, é isso ai. O livro não vai desaparecer pois o prazer do toque é indefinivel.Mas o livro digital é uma solução para a praticidade da vida atual, além de não estar comprometido com a derrubada de mais uma árvore.Parabéns Jacira.
Mara, Porto Alegre 24/03/2011 - 10:36
Ah minha encantadora Jacira! Simplesmente fantásticas as tuas palavras. Acessarei o teu novo livro hoje ainda. Grande beijo e sucesso sempre,
Rosalva Rocha, Porto Alegre 23/03/2011 - 14:26

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