Um cabelo que desafia a lei da gravidade, uma voz suave e agressiva ditando letras confecionais, “olhos puxados” em maquiagem e andar cambaleante movido a drogas e álcool, está é Amy Winehouse, que chega ao Brasil neste mês para as primeiras apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Recife.
Amy é uma cantora e compositora talentosa, de grande sensibilidade e compreensão das dores da alma humana, materializadas em canções e infelizmente regadas a abusos de drogas, que só atrapalham a sua carreira. Com cinco Grammies e 12 milhões de cópias vendidas com o CD Back to Black, de 2006, Winehouse não procura escândalos para se promover, ela escreve sobre seus problemas pessoais de forma autobiografica. Sua famosa canção Rehab faz referência explícita a isso: “Eles tentaram me mandar para a desintoxicação/mas eu disse ‘não, não, não’ ”. Pena que sucumba a eles e acabe por minar seu próprio sucesso.
Em 2003, lançou seu primeiro CD, Frank, provavelmente um tributo a Frank Sinatra (que constava na lista de agradecimentos). Este primeiro álbum tinha uma atmosfera jazzística, com acordes complexos e outras referências do gênero como os scats, improvisos vocais comuns em divas como Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan. Em Back to Black, que a tornou reconhecida mundialmente, o próprio título do CD já introduziria a sua volta à Black Music, Amy costumava ouvir e teve grande influência de cantoras negras americanas dos anos 60, como as Supremes e as Marvelletes. A sonoridade mais direta, buscada por Amy no segundo álbum, também ajudaria a dar maior peso aos versos. Letras confecionais em tom rebelde e amargurado, amores não correspondidos “bebidos” ao extremo a tornaram célebre, e o público acreditou e comprou suas idéias. O “Amy way of life” (estilo de viver de Amy) acabou se tornando popular, atraindo fãs e curiosos.
A inglesa continua pop, mesmo com uma lacuna de quarto anos sem gravar, e vem ao Brasil pela primeira vez com shows lotados. Critica de público e da imprensa especializada, Winehouse é capaz de se reinventar e gravar ótimos novos discos ou de recair às drogas e relembrar histórias de astros da música que morreram ainda jovens. Resta aos fãs brasileiros aproveitar sua tão esperada turnê e torcer pela primeira opção.
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